Baxter: Produto continha vírus vivo da gripe aviária

Título Original: Baxter: Product contained live bird flu virus

Toronto Sun http://www.torontosun.com/news/canada/2009/02/27/8560781.html

por Helen Branswell, Imprensa Canadense

    11 de Fevereiro de 2010 – A companhia que distribuiu material contaminado com vírus de gripe de uma fábrica na Áustria confirmou, sexta-feira, que o produto experimental continha vírus vivo da gripe aviária (H5N1).

    E um oficial da secção europeia da Organização Mundial da Saúde disse que o organismo internacional esta monitorando atentamente as investigações sobre os eventos que ocorreram na instalação de pesquisa da Baxter Internacional em Orth-Donau, na Áustria.

    “Neste momento estamos confiantes em dizer que o risco à saúde pública e ocupacional é mínimo,” disse Roberta Andraghetti, oficial médica, de Copenhague, Dinamarca.

    “Mas o que permanece não respondido são as circunstâncias que cercaram este incidente nas instalações da Baxter em Orth-Donau.”

    O produto contaminado, uma mistura de vírus H3N2 da gripe sazonal e do não  rotulado vírus H5N1, foi fornecido à uma companhia de pesquisa austríaca. Esta empresa austríaca, Avir Green Hills Biotecnologia, enviou parte dele para parceiros na República Tcheca, Eslovena e Alemanha.

    Este incidente de contaminação, que está sendo investigado pelos quatro países europeus, veio à tona quando um desses parceiros na República Tcheca inoculou furões com o produto, e eles morreram. Furões não devem morrer por exposição ao vírus da gripe humana H3N2.

    Autoridades de saúde pública preocupadas com o que foi descrito como um “sério erro” da parte da Baxter assumiram que a morte dos Furões indica que o vírus H5N1 no produto estava vivo. Mas a companhia Baxter International Inc. tem sido cautelosa na quantidade de informações que ela disponibiliza sobre o evento.

    Na sexta-feira o diretor global de comunicações de biociência (tradução livre de director of global bioscience communications) confirmou o que cientistas suspeitavam.

    “Estava vivo,” disse Chirstopher Bona em um email.

    O produto contaminado, que a Baxter chama de “material de vírus experimental,” foi produzido nas instalações de pesquisa em Orth-Donau. A Baxter faz suas vacinas da gripe – incluindo a vacina humana para o H5N1 para a qual liberação é esperada em breve – em uma instalação na República Tcheca.

    Pessoas familiarizadas com regras de biossegurança estão consternados com as evidências que o vírus humano H3N2 e aviário H5N1 de alguma forma de misturaram nas instalações de Orth-Donau. Esta é uma prática perigosa que não deve ser permitia, insistiram diversos experts.

    Liberação acidental de uma mistura de vírus vivo H5N1 e H3N2 poderia ter resultado em graves consequências.

    Enquanto os H5N1 não infectam facilmente humanos, os H3N2 infectam. Se alguém fosse exposto à uma mistura dos dois e, simultaneamente, infectado pelas duas variedades puras, ele (ou ela) poderia ter servido de incubador(a) :P  para um vírus híbrido capaz de se transmitir facilmente entre os humanos.

    Este processo de mistura, chamado rearranjo (reassortment em inglês), é uma das duas formas que vírus pandêmicos são criados.

    Não há evidências de que isso tenha ocorrido em virtude deste acidente, entretanto.

    “Nós não temos evidências de rearranjo, ou que qualquer rearranjo possa ter ocorrido,” disse Andraghetti.

    “E nós não temos nenhuma evidência de aumento de transmissibilidade dos vírus envolvidos no experimento com os Furões na República Tcheca.”

    A Baxter não esclareceu muito – ao menos não publicamente – como que o acidente ocorreu. No começo desta semana Bona disse que o engano foi resultado de uma combinação “apenas do processo em si, (e) erro técnico e humano neste procedimento.”

    Ele disse que não poderia revelar mais informações já que isso entregaria informações protegidas por propriedade intelectual sobre o processo de produção da Baxter.

    Andraghetti disse sexta-feira que os quatro governos que investigam o caso estão cooperando fortemente com a OMS e o Centro Europeu para Controle de Doenças em Estocolmo, Suécia.

    “Estamos em contato direto com as autoridades austríacas para entender quais foram as circunstâncias do incidente em seu laboratório,” disse ela.

    “E a razão para nós desejarmos saber o que aconteceu é prevenir eventos similares no futuro e para compartilhar as lições que podem ser aprendidas deste evento com outros de forma a prevenir eventos similares… Isto é muito importante.”